
Paloma falou os hábitos e preferências gastronômicas do pai baiano ("que não cozinhava um ovo") e da mãe descendente de italianos. Contou que a avó italiana, mãe de Zélia Gattai, era anarquista e recusava-se a cozinhar. O avô, amante da boa comida, fez com que as filhas a aprendessem as artes da cozinha, alegando que "genro meu não vai passar o que eu passo".
Contou ainda o "causo" de um tio médico, irmão de Jorge Amado, que morava em São Paulo há décadas e foi passar uma breve temporada na casa deles no Rio Vermelho, em Salvador. Chegou com um discurso de que comeria à vontade, já que havia descoberto que aquilo que relamente engordava os seres humanos era a culpa, e não a comida. Em oito dias de cozinha baiana "em quantidade" o doutor engordou oito quilos – um por dia! Um verdadeiro "super size me" do recôncavo.
Na trilha sonora, Giselle Tigre cantando clássicos da MPB com temas culinários. Entre eles "Vatapá" de Dorival Caymmi, que motivou a discussão sobre ou uso ou não de fubá no preparo desse prato típico da Bahia. No vídeo abaixo, a música cantada por Thalma de Freitas, em cena da minissérie "Dona Flor e seus dois maridos" (Rede Globo, 1997)
Vatapá – gravação original de 1943
Letra e música de Dorival Caymmi
Quem quiser vatapá, ô
Que procure fazer
Primeiro o fubá
Depois o dendê
Procure uma nêga baiana, ô
Que saiba mexer
Que saiba mexer
Que saiba mexer
Procure uma nêga baiana, ô
Que saiba mexer
Que saiba mexer
Que saiba mexer
Bota castanha de caju
Um bocadinho mais
Pimenta malagueta
Um bocadinho mais
Bota castanha de caju
Um bocadinho mais
Pimenta malagueta
Um bocadinho mais
Amendoim, camarão, rala um coco
Na hora de machucar
Sal com gengibre e cebola, iaiá
Na hora de temperar
Não para de mexer, ô
Que é pra não embolar
Panela no fogo
Não deixa queimar
Com qualquer dez mil réis e uma nêga ô
Se faz um vatapá
Se faz um vatapá
Que bom vatapá
Bota castanha de caju...